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ATRAVESSAR

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dois minutos e nove segundos é o tempo do ciclo dos sinais de Botafogo. Eu sei porque contei (não todos, é verdade, mas uma boa parte). O que varia é o tempo que temos para atravessar.
Podemos atravessar com pressa, em muitos locais somos inclusive obrigados a isso, ou com mais calma se for permitido.
Para atravessar é preciso mais do que tudo esperar. A caminhada - apesar de ser o momento mais marcante - é rápida, impulsiva e muitas vezes surge acompanhada de alívio, pelo fim da espera.
Podemos observar as pessoas paradas do outro lado (esperamos em cumplicidade apesar de seguirmos em direções opostas) enquanto ocasionalmente olhamos para cima para ver se o sinal já está amarelo.
Os carros passam a nossa frente a uma distancia curta. As vezes até esquecemos que são pessoas que os controlam. Confiamos que não irão se opor quando chegar a nossa vez de atravessar.
Apesar do ciclo ser relativamente curto, se não tivermos referencia, não temos como saber quanto ainda falta. Imaginamos pela quantidade de pessoas que vai gradualmente se acumulando ao nosso redor na calçada. Grandes quantidades podem indicar que estamos chegando sim perto do fim.
Muitos buscam por uma “brecha”, que consiste em vislumbrar um momento em que seja possível atravessar mesmo que o sinal ainda esteja fechado. As condições para decidir se arriscar em uma “brecha” variam de pessoa pra pessoa. É uma decisão individual, fora do acordo coletivo comum.
Tem também os cruzamentos, quando temos sinais de ruas diferentes que estão conectados. A vantagem desses é que é possível ver quando o sinal da outra rua começa a piscar. Sabemos então, com uma boa antecedência, que está chegando a nossa vez.
Seguir (finalmente) é o retorno a movimentação urbana que foi pausada por um curto momento. Parados, pensamos, observamos e em seguida esquecemos.
Para onde vamos mesmo?
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Atravessar
Intervenções sonoras para sinais de trânsito de Botafogo.
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